Quando o Resplandor veio ao mundo, Antonio Zelada (vocal/guitarra), e seus demais integrantes já sabiam que a música feita pela banda não teria futuro em seu país de origem, o Peru.  Isso é notório e totalmente explicável, aconteceu com uma enxurrada de bandas brasileiras de Shoegaze e Dreampop nos anos 90, época do boom do movimento sonoro pelo mundo. Muitas bandas da nossa terrinha poderiam ter tido um futuro melhor e com mais reconhecimento se, tivessem arrumado suas malas e tomado como destino a Europa ou EUA.  Não o fizeram, por N motivos e, a carreira foi curta para 99% das bandas indies.  Algumas conseguiram deixar excelentes registros em mídia física (Second Come, Low Dream, Brincando de Deus, Sonic Disruptor), mas, a maioria caiu no esquecimento.

A banda Resplandor cruzou oceanos e se mudou de mala e cuia para a Holanda, por qual motivo escolheram os Países Baixos, eu não sei mas, estão no miolo da Europa, fazendo fronteira com grandes mercados da música como Alemanha e Bélgica e a um pulinho da Inglaterra, atravessando o Mar do Norte, onde tudo acontece de verdade.

Tristeza é o novo álbum da banda lançado em 22 de abril último pela Reptile Music e tem a produção e mixagem a cargo de Robin Guthrie do Cocteau Twins, que já havia trabalhado no álbum anterior, Pleamar e, uma mãozinha muito bem vinda de Simon Scott baterista do Slowdive.  Quando se tem duas referências como estas na produção de um disco, é garantia de uma entrega sonora de alto nível com influências mais que descaradas de Cocteau Twins e Slowdive.

"Blue" é faixa de abertura e traz uma quase baladinha carregada de nuvens de guitarra e vocais etéreos remetendo ao tradicional Dreampop do final dos anos 80 (Cocteau Twins, This Mortal Coil).  Os momentos mais sublimes chegam a "Tristeza" e "Adore", a primeira recomendada para aquele dia sombrio, com chuva fina na janela e um frio para completar o cenário. Quase no oposto, "Adore" nos remete a um dia frio mas com muito sol, dando esperança e vontade de respirar ar e beleza.  Ambas as canções tem punch e são quase sussurradas com maestria pelos backing vocals.  Completam o prazer sonoro as faixas "Reverie", "Oceano", "Feel" e "Silencio" num total de 7 canções que ficam ecoando e girando em sua cabeça.  Álbum com poucas faixas mas faixas longas e certeiras, não precisa mais nada, basta ouvir e ouvir alto para captar cada momento e cada nota musical.  Como curiosidade, vale citar que o mestre Robin Guthrie também toca baixo em "Reverie".

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