top of page

Galaxie 500: uma banda, um tributo...

Originários de Boston/EUA, o Galaxie 500 foi formado em 1987 em meio aos sucessos de Madonna e Michael Jackson na América e, do outro lado do oceano, no auge do pós-punk britânico. 

1987 foi o ano do maravilhoso álbum "Darklands" do Jesus And Mary Chain, da primeira passagem do The Cure e Echo And The Bunnymen ao Brasil, do excelente álbum "Sister" do Sonic Youth e do megasucesso do RPM aqui por terras tupiniquins, sem contar de toda aquela geração coca-cola com Legião Urbana, Titãs, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso...

O trio Galaxie 500, nome oriundo daquele carrão lançado pela Ford nos anos 70 e que, foi apelidado de "posto de gasolina móvel", teve uma curta história com 4 anos de atividade e 3 álbuns maravilhosos que ficam para o todo e sempre.  Existem bandas que não precisam mais que uma música ou que um álbum para deixar sua marca na história da música mundial porém, o que o trio americano menos queria era sucesso e holofotes.

O projeto inicial era ser o mais minimalista possível carregando as fortes influências do pós-punk e naturalmente do shoegaze.  Nitidamente a banda bebia diretamente da fonte britânica com toda simplicidade e calmaria nos vocais do neozelandês Dean Wareham, um cara sonhador, com letras inspiradas e um bom músico. 

Amigos de ensino médio, Dean recrutou Damon Krukowski para as baquetas e Naomi Yang para as 4 cordas extras do contrabaixo, estava formado o Galaxie 500.

Com uma demo no projeto (em fita cassete mesmo), já em 87, os três jovens sonhadores tocaram em pequenos espaços por Boston e Nova Iorque.

Em 1988 depois de um bem recepcionado single, "Tugboat", a banda entrou em estúdio para gravar e lançar seu primeiro álbum, o tão maravilhoso, cândido e melancólico "Today", com faixas sublimes como "Flowers", "Parking Lot", "Temperatures Rising" e "Tugboat".  Não fizeram "sucesso" como já era de esperar mas, conquistaram toda uma pequena legião, urbana ou não, de fãs e seguidores que, mesmo após tantos anos, guarda dentro do coração e a sete chaves, cada canção e cada um dos 3 álbuns gravados pelo trio de Massachusetts. 

Mais tarde, em 1989 assinam com a Rough Trade e lançam "On Fire", na minha opinião, o melhor e mais melancólico trabalho da banda, talvez até mais deprê que "Disintegration" do The Cure, lançado no mesmo ano.   Com pérolas como "Blue Thunder", "Snowstorm", "Strange", "When Will You Come Home", "Another Day", "Isn't It a Pity" e uma quase preguiçosa versão para "Ceremony", do Joy Division, o álbum é simples e denso, ora triste, ora mais triste ainda com guitarras e muita levada acústica.

No raiar de uma nova década, o derradeiro e último trabalho do Galaxie 500, o não menos e maravilhoso, "This Is Our Music" que abre com uma quase homenagem a pátria americana, "Fourth of July" fazendo referências ao Empire State Building e ao 4 de julho, o "Independence Day".

"This Is Our Music" fecha o caixão com as 3 pérolas fonográficas e engole as sete chaves que os guardam em nossos corações.

Infelizmente o Galaxie 500 se desfez em 1991 mas, assim como o carro, ainda se mantém vivo entre muitos fãs e admiradores, sem marcas de ferrugem ou passado empoeirado.

Dean seguiu em frente com o Luna que será outra linda história a se contar por aqui, bem como outros projetos paralelos e, hoje faz dueto com sua esposa Britta Phillips por alguns palcos mundo afora.  Baixista e baterista seguiram com o o projeto Pierre Etoile e mais tarde apenas como um duo, simplesmente "Damon and Naomi".

Em  outubro de 2019 foi lançado de forma independente, o tributo "On Fire|30" organizado pelo pessoal do A Head Full of Wishes, grupo de fãs e seguidores da banda e que, traz 14 bandas/artistas interpretando as mais lindas canções do Galaxie 500.  O álbum está disponível para audição gratuita no Bandcamp e também pode ser adquirido de forma física num pacote que traz além do CD, um livreto personalizado, dois bottons e dois cartões postais, num excelente ítem para colecionador.  Destaque para a versão de "Leave the Planet" cantada por Britta Phillips, esposa de Dean Wareham.

Recomendo ouvir primeiro o trabalho original da banda caso você ainda não os conheça.

Não deixe de  ter na sua coleção os 3 trabalhos do Galaxie 500 pois, todos soam atemporais e tenho certeza que só ou acompanhado, será uma ótima pedida e, não esqueça daquela taça de vinho da sua preferência.

Saúde!

Primeiro ouça o Galaxie 500

Depois ouça o tributo A Head Full of Wishes

Jack Robert (editor, TMN)

bottom of page